“Tchê, mas o que é um bailongo? É diferente de um baile normal? Muda só o nome? E por que a dança é mais simples nos bailes? Tem alguma regra que tenho que cuidar?”
![Bailongo Baile](https://static.wixstatic.com/media/a621d4_3da0fe2f88514a03ab00d113769b3141~mv2.jpg/v1/fill/w_960,h_638,al_c,q_85,enc_auto/a621d4_3da0fe2f88514a03ab00d113769b3141~mv2.jpg)
Foto: Divulgação Facebook
Buenas gauchada, tudo tranquilo? Aqui tudo tudo certo, e olha que se melhorar vira baile!!! Aproveitando o trocadilho, o assunto de hoje são os nossos bailes gaúchos. É importante que prestemos um pouco mais atenção neles, pois foi por falta de registros (até porque não havia forma de registrar, fora escrita ou mentalmente) que fez o Sr. Paixão Côrtes e o Sr. Barbosa Lessa sair rodando o estado inteiro para tentar achar pessoas que contassem como eram os bailes de outrora. Mas o que o Paixão acha afinal dos bailes de hoje? Melhor ou pior que os grupos de dança ensaiados?
Se tu te interessou che, CONTINUA A LEITURA que tu vai te surpreender, e com certeza vai te deixar no mínimo com um fiapo atrás da orelha.
Para dar voz ao mestre Paixão, utilizei dois livros diferentes, de épocas bem diferentes também: Falando em Tradição & Folclore Gaúcho de 1981 e Bailongo – Livre de ‘Marca’ e ‘Sinal’ de 2001.
![Baile Gaúcho](https://static.wixstatic.com/media/a621d4_f60426c373e04eccb1e45d6011fdce86~mv2.jpg/v1/fill/w_665,h_499,al_c,q_80,enc_auto/a621d4_f60426c373e04eccb1e45d6011fdce86~mv2.jpg)
Fonte desconhecida
O que acontece nos bailes, em termos de danças hoje, são o que Paixão Côrtes classificou como Danças de 4ª Geração, mais especificamente as danças “Vivas”, que são espontâneas nos dias de hoje como Valsa, Chotes, Rancheira, Polquinha, Bugiu, Chamamê, Milonga e Vaneirão. Essas danças são aquelas que acontecem “pela gente-povo, em plenos festejos bailáveis nos encarreiramentos de cancha-reta; no salão agreste e festivo de um fundo de rincão; na reunião caseira do bailar privado de uma estância...”
Em resumo, são onde as danças acontecem sem preocupação. É aquela vaneira que tu danças esperando o resultado de um rodeio. Ou então aquela milonga em um bailezito com meia dúzia de pessoas... Enfim, totalmente distante de regulamentos, festivais, rodeios, etc...
O motivo da pergunta “Baile ou Bailongo?” me motivou graças a um evento que os CTGs Laço da Amizade, Imigrantes e Tradição e Marco da Tradição de Caxias do Sul estão organizando, com início no ano de 2015, e este ano se dará a segunda edição. O evento denominado “Bailongos Gaúchos e as Brincadeiras de Cotillon” chama a atenção de fato. Sobre as brincadeiras falaremos em outra oportunidade, vamos nos ater ao “Bailongo”.
![Baile a moda antiga](https://static.wixstatic.com/media/a621d4_13b4187e23dd4530852d7cf9401cfadb~mv2.jpg/v1/fill/w_825,h_473,al_c,q_85,enc_auto/a621d4_13b4187e23dd4530852d7cf9401cfadb~mv2.jpg)
Foto: Divulgação Facebook
Basicamente, Bailongo é uma junção das palavras Baile e Longo. Criativo não?
“Diz-se Bailongo, na Campanha, quando se refere a um acontecimento dançante promovido por uma sociedade, ou por uma residência familiar, em que se desenvolveu uma “baita” festa, em alto grau de alegria e respeitabilidade, com a presença maciça de bailantes convidados ou conhecidos, e que se dançou prazerosamente por longas horas, ao som de apurada música.”
Que tal essa? Em resumo, era um baita baile!
“É uma relembrança festiva dos “bailes-dos-antigamentes”: iniciava-se ao entardecer e só parava depois do romper as barras-do-outro-dia, com o sol alto, nem que para isso, fosse preciso, fechar os tampos das janelas do salão, para ter-se a “justificativa” de que ainda era noite... E razão para mais um “toque” do gaiteiro...”
Que coisa mais gaúcha! Baile de fundamento hein che? Imagina começar a dançar no final de um dia, e terminar no começo do outro? É quase uma rave da Vaneira/Chote/Bugiu/Milonga e etc...
![Baile de CTG](https://static.wixstatic.com/media/a621d4_5dc2619bbbc74120b1caf743bf1c3843~mv2.jpg/v1/fill/w_799,h_533,al_c,q_85,enc_auto/a621d4_5dc2619bbbc74120b1caf743bf1c3843~mv2.jpg)
Foto: Portal das Missões
“É a oportunidade para qualquer pessoa que goste de dançar, descontraidamente, temas gauchescos nos dias atuais, tome seu par e possa participar tranquilamente, assomando-se a um tablado, sem a específica obrigatoriedade de pertencer ao corpo de danças deste ou daquele CTG. (...) O Bailongo é para o povo dançar, independente do participante ser associado a uma entidade tradicionalista ou não.”
Vale inclusive, voltarmos para 1817, quando Nicolau Dreys falou: “Os rio-grandenses gostam de reuniões e de divertimentos coletivos, ou seja, qual for o objetivo do ajuntamento, música, dança, espetáculos, jogos, nele se depara a mais escrupulosa decência no meio de franca alegria”
Mas que barbaridade! Em 1817 já era assim, imagina se não haveria de ser também agora né xirú?
![Bailão Gáucho](https://static.wixstatic.com/media/a621d4_73649b99f1484300a1cfeed85c53b223~mv2.jpg/v1/fill/w_980,h_551,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/a621d4_73649b99f1484300a1cfeed85c53b223~mv2.jpg)
Fonte desconhecida
Em outro contexto, lá na década de 80, quando questionado por certo repórter o que o Paixão achava sobre os Bailões, a resposta foi de uma coerência sem tamanho:
“É importantíssimo no momento atual. Numa sociedade suburbana que tem raízes no meio rural, o homem do interior encontrou no Bailão, através de um ambiente descontraído e informal, mas respeitoso e com música regionalista, momentos que lembram sua mocidade.(...) O Bailão veio dar-lhe este local. Pilchado “à moda gaúcha” ou não, sem a obrigatoriedade e encargos de pertencer a quadro social de um clube, ele, com a “patroa” e filhos, por um preço acessível, pago na porta, acaba dançando chotes, mazurcas, vanerões e matando a saudade dos bailes de campanha de seu distante e saudoso rincão.”
Que tal essa? Com o aumento do êxodo rural no estado, as cidades se encheram da gauchada do campo, e aí virou uma festa, que seguiu até os dias de hoje! Viva aos bailes, bailões, bailongos, bailecos e por aí se vai!!
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Hasta luego, un abrazo!
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